domingo, 24 de julho de 2011

O amor é uma falácia

«Eu era frio e lógico, calculista, perspicaz, arguto e astuto e tinha um cérebro poderoso, preciso e penetrante. Muito diferente de Petey Bellows: bom fulano, mas do tipo emocional e dado a manias. Certa tarde, encontrei-o deitado, com expressão de sofrimento. O seu problema era mental: queria um blusão de cabedal preto. E porquê? Porque toda a gente os estava a usar e queria andar na moda. Seria capaz de trocar tudo pelo blusão de cabedal preto, até a namorada, Polly Spy. Ora, eu desejava Polly Spy. Entenda-se: embora a moça despertasse emoções, o meu desejo não era emotivo. Eu estudava Direito e em breve iria iniciar-me na profissão. Sabia bem a importância de uma esposa na carreira de um advogado de sucesso, pois estes eram quase sempre casados com mulheres bonitas e inteligentes. Polly preenchia quase todos esses requisitos: faltava-lhe apenas um pouco de raciocínio. Decidi oferecer um blusão a Petey; ele, depois de alguma luta interior, abdicou de Polly em favor do blusão. Afinal, disse, não estava apaixonado pela Polly. Fizemos um acordo, o blusão pela Polly. Saí com Polly na noite seguinte. A sua ignorância era aterradora. Não bastava instruí-la. Era preciso ensinar Polly a pensar. Decidi tentar, ensinando-lhe lógica. Num segundo encontro, disse a Polly:
-Esta noite vamos conversar sobre lógica.
-Que interessante! - disse ela.
-A lógica é a ciência do pensamento. Se quisermos pensar correctamente, é preciso saber identificar as falácias mais comuns. Vamos examinar a falácia da generalização apressada. Ouve com atenção: tu não sabes falar francês, eu não sei falar francês, Petey não sabe falar francês. Posso concluir que ninguém na universidade sabe falar francês?
-Ninguém? - espantou-se Polly.
-É uma falácia, Polly. A generalização é feita apressadamente. Não há exemplos suficientes para justificar a conclusão.
Na noite seguinte, disse a Polly:
-A primeira falácia desta noite chama-se ad misericordiam. Ouve com atenção: um homem vai pedir emprego. Quando o patrão pergunta quais as suas qualificações, o homem responde que tem mulher e filhos em casa, que a mulher está doente, as crianças não têm o que comer, nem o que vestir e calçar, a casa não tem camas, não há lenha na arrecadação e aproxima-se o inverno. Uma lágrima desceu por cada uma das faces rosadas de Polly.
-Isso é horrível, horrível! - soluçou.
-É horrível, mas não é um argumento. O homem, em vez de apresentar as suas qualificações, tentou despertar a compaixão do patrão. Cometeu a falácia de ad misericordiam. Compreendes? Agora discutiremos a falsa analogia. Um exemplo: deviam permitir aos estudantes consultar os livros durante os exames. Afinal, os cirurgiões levam as radiografias para as operações, os advogados consultam códigos durante um julgamento, os construtores usam plantas durante a construção de uma casa. Porque não deixar que os alunos consultem livros durante uma prova?
-Olha - disse ela entusiasmada - aí está uma ideia muito interessante!
-Polly - respondi impaciente - o argumento é falacioso. Os cirurgiões, os advogados e os construtores não estão a fazer um teste, mas os estudantes sim. As situações são completamente diferentes e não se pode fazer analogia entre elas. A próxima falácia é chamada ad hominem.
-Que giro! - deliciou-se Polly.
-Dois homens vão começar um debate. Um levanta-se e diz: ''O meu oponente é um mentiroso conhecido. Não é possível acreditar numa só palavra do que ele disser''. Agora, Polly, pensa bem, o que está errado? Vi-a enrugar a testa, concentrando-se. De repente, um brilho de inteligência - o primeiro - surgiu-lhe nos olhos.
-Não é justo! - disse ela indignada. -Não é justo. O primeiro envenenou o ambiente antes que o outro pudesse falar. Atou as mãos do adversário antes de a luta começar...
-Polly, estou orgulhoso de ti.
-Ora!... - murmurou ela, ruborizando de prazer.
Decidi comunicar-lhe os meus sentimentos.
-Polly, hoje não falaremos de falácia - ela ficou desapontada. -minha querida, hoje é a sexta noite que estamos juntos. Demo-nos muito bem. Não há dúvidas de que formamos um bom par.
-Generalização apressada - exclamou alegremente.
-Perdão? - disse eu.
-Generalização apressada - confirmou. Como podes dizer que formamos um bom par baseado em cinco encontros apenas?
Dei uma risada, contente. Ela aprendera bem as lições.
-Minha querida - disse eu - cinco encontros são o bastante. Afinal, não é preciso comer um bolo inteiro para saber se ele é bom ou não.
-Falsa analogia - disse Polly prontamente - eu não sou um bolo, sou uma pessoa.
Dei outra risada, já não tão contente. Talvez ela tivesse aprendido a lição bem demais. Mudei de táctica, pois o indicado era uma declaração de amor simples, directa e convincente. Fiz uma pausa, enquanto o meu potente cérebro seleccionava as palavras adequadas.
-Polly, amo-te. És tudo no mundo para mim, a Lua, as estrelas e as constelações no firmamento. Por favor, minha querida, aceita ser minha namorada senão a minha vida não terá mais sentido. Enfraquecerei, recusarei comida, vaguearei pelo mundo aos tropeções, um fantasma de olhos vazios. Pronto, pensei; está encerrado o assunto.
-Ad misericordiam - disse Polly.
Cerrei os dentes, lutando contra o pânico que me invadia.
-Bem, Polly - disse forçando um sorriso, não há dúvida de que aprendeste bem as falácias.
-Aprendi mesmo - respondeu ela.
-Então, responde agora: vais ou não namorar comigo?
-Não vou - respondeu ela.
-Porque não?
-Porque hoje à tarde prometi a Petey que continuaria a ser a namorada dele.
Quase caí para trás, fulminado por aquela infâmia!
-Aquele rato! - gritei. - Tu não podes namorar com ele, Polly. É um mentiroso, um traidor, um rato.
-Ad hominem - disse Polly. - E pára de gritar. Acho que gritar também deve ser uma falácia.
-Muito bem - disse, tentando manter a calma - já que és uma especialista em lógica, vamos olhar as coisas logicamente. Como podes preferir Petey Bellows? Olha para mim: um aluno brilhante, um intelectual formidável, um homem com futuro assegurado. E vê Petey: um maluco, um estouvado, um fulano que nunca saberá se vai comer no dia seguinte. Podes-me dar uma razão lógica para namorar Petey?
-Posso sim - declarou Polly - ele tem um blusão de cabedal preto.» Sulman, M.

sábado, 9 de julho de 2011

Pergunto-me por vezes se sou parva por te amar da maneira que amo... Após este episódio da nossa relação, eu vejo-me uma pessoa nova. Uma pessoa capaz de lidar com as situações de maneira diferente de como lidava. Cheguei a dizer que não te queria nunca mais, pelas coisas que ia descobrindo de ti. No entanto... ontem isso mudou. Percebi que tudo o que dizias e fazias, era por me achares perdida. Embora me tenhas magoado, de certa forma consigo compreender. Ontem, no teu carro, senti que estavas mal, e confuso por ter ido falar contigo de manhã. Pois achavas que eu já tinha a minha vida, e tu querias seguir com a tua. Quero começar de novo, quero começar com uma nova Sara, e gostava que me desses um pouco mais de atenção. Porque já dei o que tinha a dar. O meu empenho valeu por dois, e isso não vai voltar a acontecer. Se me amares realmente, vais dar um pouco mais de ti em NÓS, para isto funcionar melhor. Sei que não encaixamos perfeitamente um no outro, mas sem esforço, não vamos lá. Cabe agora a ti ver se valho a pena isso ou não.
Quando não te tive, embora tentasse esquecer-te, uma parte de mim não deixava. Essa parte, cada vez que te via passar no carro, fazia com que o meu coração saltasse.
Como é que eu conseguiria esquecer o rapaz que mais amei? Não dá.
Se me amas mesmo, percebe, que daqui para a frente tudo vai depender de ti. Eu já provei vezes sem conta que és o meu tal... tanto que fiquei exausta. Agora estou diferente, e vou ver se fazes por merecer o meu amor.

terça-feira, 5 de julho de 2011

:')

Obrigada por todo o apoio.
Obrigada pelas conversas.
Obrigada pelo carinho.
Obrigada por me ajudares.

Andava sozinha, devastada. Sem ninguém para desabafar, sem ninguém que me compreendesse.
Graças a ti, superei muita coisa, que sozinha nunca conseguiria. Fizeste-me ver as coisas dum outro prisma. Deste-me a mão quando mais precisei, quando perdi o meu chão. Abraçaste-me, e senti que não te podia largar mais. Tornaste-te muito mais que uma confidente, tornaste-te uma amiga, especial. Alguém que sabe e percebe o que sinto.
Hoje vejo as coisas com outros olhos. Olho para trás, e vejo o quanto eu sofri, chorei, desesperei em vão. Porque simplesmente ninguém merece as minhas lágrimas... pois quem me ama, não me faz chorar.
Depois de ter perdido, o que achava ser o meu mundo, percebi que o que realmente interessa são os amigos. Amigos verdadeiros. Porque são eles que estão lá para apanhar os nossos cacos. Que foi o teu caso. Voltei ao meu antigo "eu" outrora esquecido, embora danificado com a cegueira do amor.
Se uns já estão noutra, porque hei eu de continuar a lutar por algo perdido? Vou tentar, sim, seguir em frente. Pois não há volta a dar. Gostava no entanto que ficasses presente na minha vida.
Obrigada por tudo Carolina Vieira.